Crise hídrica em 2022: situação não se resolverá até abril, diz ministro

Para Bento Albuquerque, a crise hídrica em 2022 é retrato de uma questão que já vem sendo desenhada desde 2020

Desde que a crise hídrica veio á tona com mais intensidade nos últimos tempos, no oitavo andar do Ministérior de Minas e Energia (MME), o ar-condicionado está desligado e diversas luzes apagadas.

Crise hídrica em 2022

Este é um retrato de uma crise que desenha desde 2020. E é por este motivo que o ministro Bento Albuquerque precisa responder a seguinte pergunta diária: vinte anos depois, o Brasil voltará a enfrentar racionamento de energia? A resposta é “hoje” não, mas com a observação de que “o monitoramento é permanente”.

Riscos

Além disso, Albuquerque afirma que o presidente Jair Bolsonaro foi informado do risco de crise hídrica desde outubro do ano passado. na ocasião, foi feita uma apresentação em Power-Point junto ao diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), André Pepitone, e com Rodrigo Limp, ex-secretário de Energia do MME e atual presidente da Eletrobras.

Sendo assim, ele reforça dizendo que partiu de Bolsonaro a sugestão de criar uma campanha para incentivar a redução do consumo de energia. Agora, a previsão é gastar R$ 120 milhões em propagandas na televisão, rádio e internet.

Governo poderia agir com mais rigor

Quando questionado que o governo deveria ter atuado com maior rigor para responder aos sinais de crise, o ministro reforça que é fácil dizer isso após ter acontecido. Entretanto, é recorrente entre os especialistas do setor que o governo deveria ter sido mais ágil para adotar medidas de incentivo à redução do consumo e para poupar os reservatórios das hidrelétricas.

Em declaração ao GLOBO, ele ainda explanou:

“É o que nós chamamos de comentarista de videotape, que comenta depois que aconteceu. Depois que aconteceu, é mais fácil dizer. Tem que ver as medidas que foram tomadas naqueles cenários. Eu acredito que as medidas que tomamos eram as medidas cabíveis naquele momento.”

Entretanto, especialistas e governo têm pelo menos um ponto em comum: a crise hídrica não terá um ponto final neste ano. Isso porque o nível dos reservatórios baixará ainda mais até dezembro, que é quando inicia o período úmido, que segue até abril.

ONS

De acordo com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) indicam que grande parte das represas do Sudeste e do Centro-Oeste chegará ao fim de 2021 com menos de 10% de água.

Além disso, dificilmente haverá chuva suficiente para fazer subir o nível de um ano para o outro, até porque o solo está seco, e isso faz com que seja preciso mais água para preencher uma barragem.

Dificilmente haverá chuva suficiente para fazer subir o nível de um ano para o outro, até porque o solo está seco — o que faz com que seja necessário mais água para encher uma barragem, conclui o ministro.

“Evidentemente, nós não estamos preocupados só com 2021. Mas também com 2022, 2023, 2024. Porque os nossos reservatórios estão em níveis baixos e ficarão ainda mais baixos até o fim do ano. As coisas não vão se resolver em dezembro, muito menos em abril de 2022. É lógico que o nosso foco agora é prover a oferta necessária para que a gente passe sem maiores problemas por essa fase até novembro, quando o período úmido começa. Mas nós temos que fazer um trabalho de médio prazo para que possamos ter condições melhores nos anos vindouros.”

*Foto: Divulgação/Freepik