Filha do bilionário Luiz Barsi dá dicas de como investir na B3

Luisa Barsi, filha do investidor bilionário, Luiz Barsi, costuma ouvir muito das pessoas que elas querem investir na Bolsa da mesma forma que seu pai.

A partir daí, a economista decidiu criar com dois investidores um curso, chamado “As ações que garantem o futuro”. As aulas são voltadas para investidores principiantes que desejam saber identificar melhor as boas oportunidades que esse mercado pode oferecer.

Em entrevista no mês passado à revista EXAME, Luisa esclarece alguns pontos de como seu pai costuma agir, além de outras dicas.

Ela disse, por exemplo, que para montar uma carteira de clientes, a pessoa deve analisar em primeiro lugar o histórico da companhia quanto aos seus indicadores, como fluxo de caixa, além de seu desempenho no mercado. Ainda sobre o caixa, tem que ser observado se o valor condiz com seu crescimento. E também como é feito o repasse de dividendos.

Sobre o fato do pai ser conhecido como alguém que compra um ativo de depois o segura por bastante tempo, ela discorda e afirma:

“Não é bem assim. Muita gente generaliza. Ele costuma dizer que “o jacaré está de boca aberta”, ou seja, ele identifica uma boa empresa e fica esperando para comprar em um momento que seja oportuno. Neste momento ele faz as aquisições”.

Ter paciência

Em relação ao Luiz Barsi avaliar bem a empresa antes de adquiri-la, Luisa ressalta que é necessário saber esperar, além de não pensar que investindo em um milhão de ações será resultado de retorno garantido, pois pode ser que não gere dividendos que possam sustentar de fato o investidor. Ela afirma que é preferível possuir 100 mil papéis de algumas companhias. Dessa forma, o investidor não pensa em um número de aporte, e sim em montante de ações, ou seja, da capitalização do dinheiro. Com o passar do tempo, poderá ser verificado que este tipo de planejamento estará rendendo uma boa importância.  

No quesito em qual empresa deve-se aplicar recursos, a analista do CNPI diz que é importante levar em consideração a quantidade de bons projetos que a companhia tem e avaliá-las também. E conclui:

“Os maiores investidores se orgulham em dizer que as melhores escolhas foram baseadas na sua vivência do dia a dia. Um exemplo: Lojas Renner, eu gosto do serviço, é melhor do que a Guararapes. No final, você acaba incorporando aquela filosofia do investidor parceiro. Esta empresa aqui é melhor por isso, isso e isso”.

Luisa ainda afirma que é muito importante sempre estar bem informado, ler bastante. Pois assim, a pessoa deixa de investir em uma ação porque alguém disse que é boa, e passa a saber identificar as boas oportunidades de investimentos. Tem que colocar em mente que você está adquirindo o projeto de uma companhia e que se tornará sócio de alguém desta empresa.

Além disso, é saber verificar se a empresa ou sócio “já deu calote em alguém”, se é um investidor idôneo.

Boas oportunidades

Hoje, Luisa destaca como uma boa oportunidade investimentos, as companhias ligadas aos segmentos de energia. Em especial, ela ressalta o “setor de geração e transmissão de energia”. Além de empresas de saneamento básico.

Para ela, são setores que possuem uma demanda que só cresce e é sólida. Luisa revela que só na área de saneamento:

Ainda em relação a estes setores, a economista respondeu que houve um burburinho sobre privatizar os nichos de energia e saneamento. Porém, ação da Sabesp caiu para R$ 22. Contudo, ela acredita na possibilidade do setor voltar a render dividendos.

“Mais de 50% da população ainda não têm acesso ao saneamento básico. E nos níveis de investimento que temos hoje só vamos chegar em 100% das pessoas atendidas no mínimo em 2060. Se o investidor pensar deste jeito, nota-se que até 2060 tem uma possibilidade de crescimento gigantesco no setor de saneamento. A mesma coisa vale para o setor de energia elétrica. Grande parte da nossa matriz energética está concentrada na hidrelétrica. Mas e eólica, a solar e a nuclear? Elas têm um espaço gigantesco para crescer”.

Um investidor pode acabar comprando ações baseado em rumores. Luisa complementou o exemplo da Sabesp:

“Quando todo mundo reclamava que não chovia, você compra a ação da Sabesp a 22 reais. Hoje, está 46 reais. Isso não quer dizer que você vai vender, só vai parar de comprar”.

Setor bancário

Sobre os bancos, ela diz que as instituições financeiras nunca perdem e aconselha que é melhor lucrar junto com eles. Luisa cita como exemplo disso, o Itaú que gerou “23% de ROE (rentabilidade)”. Segundo ela, esta prática não existe em nenhum outro país.

Em relação às fintechs, a analista diz que até os bancos estão lançando suas empresas deste segmento. E conclui que você tem que se adaptar aos novos tempos.

*Foto: Divulgação