Startup de RH utiliza robôs em processos seletivos

Apesar do alto índice de desemprego no Brasil, que atinge cerca de 13 milhões de pessoas, muitas empresas ainda investem em processos seletivos. O motivo é conseguir encontrar grandes talentos em setores onde a mão de obra carece de qualificação. Com olho nesse mercado, a startup de recursos humanos Matchbox aumentou seu lucro.  

A companhia nasceu em 2017 e tem como clientes: Ambev, Avon, Boticário e Red Bull. O mote do negócio é focado em processos seletivos mais competentes, utilizando marketing de relacionamento com candidatos e potenciais pretendentes à vaga. O fundador Kleber Piedade afirma:

“Especialmente em áreas com profissionais escassos, como a de tecnologia, os talentos já estão empregados e é preciso chamar a atenção deles. A companhia já deve ter uma relação com eles quando eles perderem o emprego ou procurarem oportunidades”.

Recentemente, a Matchbox divulgou um novo aporte de R$ 1 milhão para ampliar suas soluções e aumentar o número de empresas e empregados atendidos. Para este ano, ela estima elevar seu faturamento em mais de 60%, para R$ 4,5 milhões.

Perfis inadequados

Segundo estudo do portal de recrutamento Glassdoor, as companhias recebem vários currículos de interessados que não se adéquam àquele perfil desejado. Com isso, um processo de contratação leva em média 40 dias. Já de acordo com a Society for Human Resource Management, o gasto com uma contratação incorreta pode valer de seis a nove salários do colaborador mal selecionado.

Hoje, o Brasil possui 122 startups que atuam em RH, segundo análise da Liga Insights HR Techs. Os segmentos passam por avaliação de performance, recrutamento de freelancers e temporários.

Plataforma da Matchbox

O site lançado há dois anos permite que clientes como Ambev, Avon, Bayer, Boticário, Energise, Localiza, Locaweb, Kraft Heinz e Red Bull possam criar seus próprios processos seletivos ou solicitar marketing de recrutamento.

Quando a multinacional opta pelo marketing de recrutamento é a startup quem estuda o perfil de funcionário solicitado pela empresa. A Matchbox cria conteúdos apropriados a cada talento na forma de posts em redes sociais e em blogs corporativos. Com isso, a startup consegue atrair contatos adequados. A ideia é possuir uma base de possíveis candidatos que melhor preenchem os requistos da empresa contratante.

Esses usuários poderão ser apontados futuramente como os melhores no processo desenvolvido pela Matchbox. O diferencial da startup é a utilizar um robô (chamado Vicky), que possui inteligência artificial para teclar com o potencial candidato. Ele auxilia a pessoa na inscrição do processo seletivo em apenas quatro minutos. O formulário, que é bem extenso, antes dessa ajuda levaria em média de 30 a 40 minutos para ser finalizado, segundo cálculos da Matchbox.

Processo seletivo

A empresa criou um jogo em que o usuário toma as decisões sozinho ou em conjunto, em tempo real. É por meio dessa ferramenta que a startup avalia se o candidato possui os requisitos exigidos pela companhia contratante. Análises de comportamento são enviadas tanto ao candidato como à multinacional, utilizando a tecnologia de computação cognitiva Watson, da IBM. Esse sistema interpreta o comportamento do usuário durante o game. Nessa fase há uma separação dos potenciais candidatos de acordo com o interesse da empresa. Por exemplo, tem companhias que preferem um funcionário mais diplomático e outras que querem uma pessoa mais agressiva.  

Com valor inicial de R$ 2 por vaga, em 2018, a startup recebeu 100 mil candidatos e divulgou mil vagas de trainee. O valor altera conforme número de colocações e nível de dificuldade do processo seletivo.

Pela plataforma da Matchbox, um processo para trainee dura dois meses. Diferente de outros lugares em que é realizado em até cinco meses. Ela ainda afirma que durante essa avaliação a desistência é de 20 a 25%, contra 40 a 50% nos procedimentos habituais.

Investimento em marketing de recrutamento

A Matchbox iniciou suas operações em 2017 com aporte de R$ 640 mil. Recentemente, ela conseguiu investimento de R$ 1 milhão vindos da criadora de startups Superjobs. Com os recursos, a empresa vai melhorar o sistema de seu marketing de recrutamento. Uma plataforma própria será criada para concentrar os conteúdos produzidos e as informações dos possíveis candidatos alcançados.

Chamado de Spark, o sistema programará contatos mais frequentes no modelo de conteúdo mais acessado pelo usuário. Além disso, será cobrada uma mensalidade da marca empregadora com talentos a partir de R$ 2 mil.

Os testes devem ser iniciados ainda neste mês e, consequentemente, a equipe de funcionários da Matchbox aumentará. Segundo a empresa, até o fim do ano o quadro de funcionários deve saltar de 26 para 45 pessoas. Também para 2019, a startup almeja passar de oito para 15 companhias que contratem seus serviços de marketing de recrutamento.

Já o faturamento da empresa em 2018 foi de R$ 2,7 milhões, com crescimento de 50% sobre o ano anterior. Para 2019, planeja elevar em torno de 70%, para 4,5 milhões de reais.

*Foto: Divulgação