Programas de bem-estar nas empresas: Cultura de saúde é estratégica para sucesso

Programas de bem-estar nas empresas podem prevenir doenças fora do ambiente de trabalho

Na maioria das vezes, as pessoas pensam na saúde por meio do modelo biomédico. Ou seja, no tratamento da doença, quando ela ocorrer, utilizando as ferramentas disponíveis para uma “cura”. Entretanto, cada vez há mais evidências de que muitos outros fatores são relevantes para a saúde, como o ambiente de trabalho, a cultura, o clima, o lazer, o suporte da família e amigos e as conexões com a comunidade.

Programas de bem-estar nas empresas

O local de trabalho é um espaço estratégico para adoção de programas de bem-estar nas empresas, que pode até prevenir doenças. Considerando-se que os empregadores têm a responsabilidade de fornecer um local de trabalho seguro e livre de riscos, eles também têm oportunidades para promover a saúde individual e um ambiente de trabalho saudável. Além disso, o uso de programas de saúde no local de trabalho pode reduzir os riscos para a saúde e melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores.

Cultura organizacional de bem-estar

Para melhorar a saúde de seus empregados, as organizações podem criar uma cultura organizacional de bem-estar centrada no trabalhador, fornecer ambientes de apoio onde a Saúde e Segurança no Trabalho (SST) são asseguradas e se obtêm melhores desfechos em saúde; prover oportunidades e acesso para seus empregados se envolverem em uma variedade de programas de saúde no local de trabalho.

Envelhecimento da população

Por outro lado, o envelhecimento da população e o estilo de vida não saudável têm levado ao aumento da prevalência das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) – como as doenças cardiovasculares, acidentes vasculares cerebrais, doença pulmonar crônica, câncer e diabetes entre os trabalhadores. As DCNTs estão entre as mais prevalentes, caras, mas evitáveis de todas as condições de saúde. Elas afetam negativamente a qualidade de vida dos indivíduos, o sistema de saúde e a produtividade do capital humano da sociedade.

Papel das empresas

Cada empresa tem sua própria cultura e necessidades únicas sob a perspectiva da gestão de saúde. A cultura da saúde pode ser definida como um ambiente de trabalho que tem a saúde como um valor e que favorece a saúde e bem-estar do trabalhador. Não se limita a ações isoladas e integra a saúde na forma como a organização opera, pensa e age em diferentes frentes. Ela deve ser focada na população-alvo e não apenas no indivíduo.

As organizações podem promover a saúde dos trabalhadores através das seguintes áreas:

  • Saúde e segurança no trabalho (SST)
  • Programas de benefícios aos empregados
  • Plano de saúde
  • Programas de promoção de saúde
  • Programas de saúde mental
  • Outros
  • Padrões de remuneração
  • Estrutura e cultura organizacional

A oferta de programas de promoção de saúde que não estejam alinhadas e integradas às demais áreas, particularmente no que se refere à cultura de saúde pode trazer alguns riscos, a saber:

  • Falta de impacto (ou o seu desconhecimento)
  • Proteção inadequada da privacidade do trabalhador
  • Criação de um ambiente de trabalho tóxico ou competitivo

A cultura de saúde pressupõe:

  • O envolvimento da liderança da organização, inclusive com a criação de políticas internas
  • Participação dos trabalhadores
  • Envolvimento do ambiente psicossocial do trabalho
  • Abordagem dos problemas de saúde dos empregados

Ânimo dos funcionários

Por outro lado, o ânimo dos funcionários pode ser negativamente impactado se os programas de saúde no local de trabalho forem projetados e implementados sem respeito às suas necessidades e interesses, sem sua participação no processo de desenvolvimento ou sem respeito pela privacidade individual.

Portanto, é necessária uma abordagem coordenada da saúde no local de trabalho, organizada e abrangente de programas, políticas, benefícios e apoios ambientais concebidos para satisfazer as necessidades de saúde e segurança de todos os trabalhadores. Além disso, os programas devem incluir intervenções que abordem múltiplos fatores de risco e condições de saúde simultaneamente e influenciar vários níveis da organização, incluindo o trabalhador e a organização como um todo.

Não há uma fórmula única que se aplique a todos os programas e a todas as organizações. Dessa maneira, a simples adoção (ou aquisição) de soluções ou produtos para adoção nas empresas, sem que os pressupostos mínimos citados acima sejam contemplados parece ser uma das causas dos resultados limitados observados em muitas iniciativas.

Capital humano

Ainda hoje, em muitas organizações, o capital humano não é valorizado, o que é expresso pela cultura organizacional e, segundo Schein1, influencia o modelo de gestão, o clima organizacional, os parâmetros de avaliação e interpretação. Neste contexto, a construção de uma cultura de saúde é fundamental para que se consiga um real engajamento dos trabalhadores, a adoção de programas bem construídos, baseados em evidências científicas e a transformação dos ambientes de trabalho em locais mais saudáveis.

Por fim, a gestão dos programas de saúde nas empresas deve considerar os determinantes sociais de saúde e buscar a integração com o sistema nacional de saúde, particularmente com a atenção primária, mas com atuação em rede com os cuidados secundários e terciários.

*Foto: Reprodução/https://br.freepik.com/fotos-gratis/vista-traseira-paciente-de-reabilitacao-consolando-um-ao-outro_6412265.htm#fromView=search&page=1&position=1&uuid=7282e604-5c5e-43a5-ac7a-5529d8a6f182