Petrobras ameaça descontar salários de grevistas

Grevistas chegaram ao STF; em torno de 20 mil trabalhadores aderiram à paralisação e ainda há mobilizações em 108 unidades da estatal

O choque entre grevistas e petroleiros, e a direção da Petrobras chegou ontem (12) ao Supremo Tribunal Federal (STF). A paralisação da categoria completou 12 dias, e a empresa ameaça descontar salários dos trabalhadores que aderiram à greve.

Situação dos grevistas

De acordo com a Federação Única dos Petroleiros (FUP), aproximadamente 20 mil funcionários aderiram à greve e ainda há mobilizações em 108 unidades da estatal, entre plataformas, refinarias e terminais.

A Petrobras conseguiu de Dias Toffoli, presidente do STF, a decisão que aprova o posicionamento do Tribunal Superior do Trabalho (STF) sobre a aplicação de multas aos sindicatos que não garantirem 90% do efetivo nas unidades operacionais.

Na decisão, Toffoli menciona dados da petroleira em relação ao baixo comparecimento de empregados nessas unidades.

Posicionamento da Petrobras

Na segunda-feira (10), a Petrobras afirmou que ninguém apareceu para trabalhar na Refinaria de Capuava e nem na unidade de processamento de xisto, localizada no Paraná. Já na refinaria de Paulínia, a maior do país, somente 7% do contingente previsto foi trabalhar.

Com isso, as operações estão sendo realizadas por equipes de contingência. Na semana passada, a empresa obteve aval para contratar funcionários temporários. De acordo com os sindicatos, a petroleira está em busca de aposentados, com a oferta de R$ 150 por hora. Ao ser questionada, a Petrobras não confirmou quantos temporários pretende contratar e muito menos o salário que vai oferecer.

Toffoli confirmou ainda uma liminar proferida pelo ministro do TST Ives Gandra, que impôs bloqueio nas contas dos sindicatos para o pagamento de multas pelo descumprimento dos contingentes mínimos de 50%.

Segundo a estatal, a decisão do presidente do STF “reconheceu a legitimidade de aplicação de multa, desconto de dias parados e ‘outras medidas de caráter coercitivo necessárias ao restabelecimento das atividades essenciais’”.

FUP apoia grevistas

Conforme informações da FUP, a companhia já alertou que haverá descontos no pagamento do dia 21 de fevereiro, pois “como a greve PE legal, a medida é descabida”, afirma a entidade, que ainda chamou os descontos de uma “retaliação” contra os grevistas.

A federação também informou que vai recorrer da decisão do presidente do STF, como já tinha feito no TST, argumentando que já questionou a petroleira sobre quantos trabalhadores são necessários para manter o contingente mínimo de 90% e que não tem piquetes nas portas das unidades.

A FUP ainda acrescentou:

“A participação de trabalhadores na greve é espontânea.”

A ação dos grevistas tem por objetivo a de reverter demissões, decorrentes do fechamento da fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados, no Paraná.

Além disso, os sindicatos afirmam que se comprometeram em não causar danos ao abastecimento nacional de petróleo e de seus derivados e ainda acusam a Petrobras de fazer terrorismo em relação aos riscos de falta de produtos. Em um dos trechos do documento, diz o seguinte:

“A Petrobras usa dois discursos para tratar da questão do desabastecimento da forma que melhor lhe convém. Nos autos dos processos, alega que há desabastecimento, e para a imprensa emite notas dizendo que a situação está normalizada.”

Setor de combustíveis

Ouvidos pelo jornal Folha de S. Paulo, os representantes do setor de combustíveis disseram que, até o presente momento, não enfrentaram problemas para retirar produtos nas instalações da petroleira.

Fonte: Folha de S. Paulo

*Foto: Divulgação / Alex Ferro