Terreno para emergentes: Brasil perde por falta de investimentos

Terreno para emergentes entre 1980 e 2019 fez o país ser um multiplicador de até 249 outras nações

No domingo veio à tona que, sem investimentos suficientes para acelerar e dar competitividade à economia, o Brasil tem ficado para trás comparado a seus pares internacionais.

Terreno para emergentes

Prova disso é que entre 1980 e 2019, o país investiu 49 vezes o volume de 1979 em terreno para emergentes. Sendo assim, no mesmo período, ao considerar outras nações, o multiplicador foi de 249 na Índia; 202 na Coreia do Sul; e 66 na África do Sul. Já nos EUA, esse número foi de 81.

Contudo, os resultados explicam, em parte, que existe um fraco desempenho econômico. Isso porque há uma baixa produtividade, além da menor competitividade brasileira nos últimos anos. Todavia, ainda há pouca expectativa de que esse quadro vá mudar no curto e médio prazos.

Levantamento sobre terreno para emergentes

De acordo com levantamento da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), em 1979 o Brasil investiu, em valores atualizados, R$ 930 bilhões. Porém, entre 1980 e 2019, o volume somou R$ 45 trilhões.

Portanto, se o país tivesse feito como a Índia, por exemplo, o investimento teria ultrapasso os R$ 200 trilhões no período.

Por outro lado, na comparação com a Coreia do Sul, o valor chegaria em torno de R$ 190 trilhões. Isso representa quase 20 vezes o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2021. Já em relação à África do Sul, seria duas vezes o PIB nacional.

Segundo o diretor de Planejamento e Economia da Abdib, Roberto Guimarães:

“Ficamos para trás. O Brasil deixou de investir trilhões de reais nos últimos anos, o que tem distanciado o País de outras nações.”

Produção industrial

Ele disse ainda que se for aplicado o mesmo modelo com relação à produção industrial, o resultado será semelhante.

Portanto, a produção industrial brasileira teria tido um adicional de R$ 6 5 trilhões se tivesse crescido como a Coreia do Sul, entre 2010 e 2021. Em compensação, em relação ao México, R$ 5,1 trilhões, ou 2,9 vezes. Com relação à África do Sul, teríamos dobrado a produção.

Guimarães afirmou ainda de que o país tem batudo na tecla de elevar os investimentos. Porém, “temos visto é o investimento público desabar nos últimos dez anos”.

Entretanto, ele lista que uma das principais questões é que os governos não conseguem diminuir os gastos correntes e aí ocorrem os descontos nos investimentos.

“O Orçamento previsto para este ano é um quarto do que foi há 15 anos.”

Círculo vicioso

Vale lembrar que os baixos investimentos sempre foram um problema crônico desde os anos 1980. Isso porque o país cresceu desenfreadamente. Consequentemente, a máquina pública ficou inchada. E, com a globalização, o território nacional perdeu competitividade em relação aos concorrentes. É o que revela Ricardo Rocha, professor do Insper:

“O Brasil tem alguns problemas para resolver, como equilibrar as contas públicas e definir o que quer ser, além do agronegócio e da mineração.”

Por fim, a dificuldade de investimento gera um circulo vicioso da economia. Isso porque o PIB não cresce, uma vez que os investimentos não decolam, e as empresas não fazem novos investimentos por conta da baixa expectativa de crescimento.

*Foto: Reprodução