Mondeléz pretende que seus funcionários pensem como dirigentes

À frente do RH da Mondeléz, Betina Corbellini, de 39 anos, iniciou na multinacional americana como secretária do diretor financeiro. Por falar espanhol e inglês, a jovem conseguiu uma vaga nesta área da empresa, que é fabricante marcas Bis, Bubaloo e Royal, entre outras. Porém, nesta época, em 2000, aos 19 anos e ainda estudante de administração, na Universidade Federal do Paraná, o foco da curitibana era o departamento de RH. Sobre isso, Betina afirma:

“Alguns meses antes de me formar, conversei com a empresa dizendo que gostaria de ser realocada no RH ou então teria de sair.”

Em 19 anos de carreira na Mondeléz, Betina já foi mãe duas vezes. Ela tem dois meninos, de 12 e 4 anos de idade, sendo promovida ao final de uma dessas gravidezes.

Atualmente, a executiva conquistou mais um mérito dentro da multinacional e desde fevereiro desse ano dirige o departamento de RH da Mondeléz. O reconhecimento da empresa sobre ela foi graças ao bom trabalhou desempenhou quando foi gestora de pessoas em supply chain, função que atuou desempenhou por cinco anos.

Hora de colocar em prática

No Brasil, a multinacional possui em torno de 9.000 funcionários, sendo que 20% atuam na área corporativa e 80% nas fábricas. Todos eles estão alocados entre os estados do Paraná, Pernambuco e São Paulo.

Agora, o trabalho de Betina é desenvolver entre os funcionários uma cultura de protagonismo e de não se acomodar, assim como ela fez com sua equipe de supply chain. Neste último cargo, a executiva de RH tinha a incumbência de ampliar a eficiência e reduzir as falhas de produção fabril.

Sobre esta questão, ela desenvolveu sistema em parceria com líderes e trabalhadores para que houvesse um desenvolvimento conjunto, onde a hierarquia não contava. Betina ainda ressaltou:

“A liderança tem de servir a população e não o contrário. Uma ação que fazemos neste programa é levar os líderes seniores para limpar a linha de produção, para que a chefia entenda o que acontece e coloque o sapato do operacional.”

Treinamentos e visitas de campo

O trabalho da executiva foi primordial para que liderem transformassem sua mentalidade, além dos empregados que passaram a desenvolver mais autonomia, por meio de treinamentos práticos, na intenção de absorver qual a importância de sua atividade dentro da empresa. Com esta implementação, em seis anos, a marca de eficiência saltou de 60% para 80%. Já o número de acidentes foi zerado, na fábrica de Curitiba. Corbellini complementa:

“Hoje, o operador sabe falar do negócio. Ele ajudou na melhoria da organização e não precisa mais ficar ajustando a máquina a cada 2 minutos. E isso só acontece porque todo o pessoal da fábrica ajudou a implementar melhorias. Não temos de pensar em ‘mão de obra’, mas em ‘cabeça de obra’.”

Segundo ela, esta experiência positiva entre líderes e funcionários de RH também precisa ser levada aos demais setores da Mondeléz. Betina ressalta a importância sobre a indústria de bens de consumo e entender que o consumidor final não se dirige mais a um ponto físico, mesmo que gostem das marcas produzidas pela multinacional americana. Por isso, é essencial que a empresa pense em criar mais habilidades no futuro.  

Para isso, é preciso entender quais são as necessidades dos trabalhadores de cada setor da companhia. Betina já está nesta fase de conhecer de perto estas outras áreas, em seus primeiros meses da atual função. Ela tem se aproximado mais da equipe comercial para desenvolver melhor sua atividade, fazendo visitas de campo. A partir daí, ela conseguirá analisar quais são as competências que exigem maior atenção e como fazer para que essa questão tenha sucesso.

Fonte: revista EXAME

*Foto: Divulgação