Empreender após os 50 pode ser a saída para esta faixa-etária

Cada vez mais a expectativa de vida entre os idosos cresce no Brasil. Segundo dados do IBGE (do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2030 a população na faixa-etária de 50 a 54 anos deve chegar a 15 milhões. Enquanto isso, o número de jovens sofre queda, e em 2039, a expectativa é que o país conte com menos crianças e mais idosos.  

Ao contrário de anos atrás em que a pessoa com mais de 50 anos apenas se aposentava e não exercia alguma atividade profissional, hoje o cenário é outro. E o desejo deles é de mostrar que podem continuar no mercado de trabalho.  

De acordo com pesquisa realizada no mês passado pela MaturiJobs e Noz Pesquisa revelou que 38% do público que já passou dos 50 anos está sem exercer uma atividade neste momento. Desse percentual, a maioria deseja conseguir um emprego em breve, como: autônomo, freelancer, consultor ou empreendedor.

Tomar um novo caminho

Ainda segundo o estudo da MaturiJobs, não é fácil às pessoas dessa faixa-etária conseguirem trabalho e 48% delas já relataram terem sofrido algum tipo de discriminação por conta de sua idade.

Sobre isso, o fundador e CEO da MaturiJobs, Mórris Litvak diz:

“Temos uma população de 50 mais que é invisível para o mercado de trabalho. Ainda existe preconceito. E é aí que aparece a chance de empreender. É o momento, muitas vezes, de realizar um sonho ou almejar um negócio que antes só existia no papel”.

Ele ressalta que a população mais madura não foi criada para empreender e sim para trabalhar em empresas, sem correr riscos que a atividade de empresário exige em alguns momentos.

Porém, os idosos de hoje podem exercer atividades remuneradas, bastam escolher a que está mais de acordo com seu conhecimento e expertise. Seguem alguns exemplos:

  • Autônomo – se no passado a pessoa foi um advogado ou qualquer profissão que desenvolveu dentro de uma companhia, agora ele pode oferecer seus serviços por conta própria, sem intermediação. Além de estipular seu próprio horário de trabalho.
  • Economia colaborativa – são pessoas que exercem uma atividade em conjunto na forma de um coletivo e a oferece ao mercado.
  • Economia compartilhada – o trabalhador pode oferecer seus serviços em plataformas onlines. Entre os segmentos mais conhecidos estão o de hospedagem, transporte e artesanato.
  • Empreendedor individual – pode abrir uma companhia ou franquia e avaliar qual o investimento inicial para começar.
  • Freelancer – oferece algum tipo de trabalho em que seja bom e que antes podia ser apenas um hobbie, como dar aulas particulares, traduzir textos, entre outros, e agora tais atividades podem ser fontes de renda.

Voltar a estudar

Segundo Mórris, essas pessoas precisam voltar a estudar e se atualizar, como, por exemplo, a respeito das novas tecnologias que surgem no mercado. Sua empresa MaturiJobs oferece esse tipo de qualificação profissional, por meio de cursos e palestras. Além de disponibilizar uma plataforma chamada MaturiServices, onde só pessoas com mais de 50 anos podem apresentar suas habilidades ao mercado de trabalho.

Neste mesmo molde, a recém-inaugurada empresa paulistana Nextt 49+ criou um hub de inovação especializado no nicho sênior. De acordo com um dos fundadores, Maurício Turra:

“Esse público tem experiência da carreira, mas ele precisa desenvolver habilidades que não estão ligadas ao empreendedorismo, como liderança, comunicação e aprender a assumir riscos”.

Ainda são muito úteis e com vontade de trabalhar

A vontade de trabalhar após os 50 anos também é uma necessidade e que está atrelada às finanças dessas pessoas. No entanto, outros fatores pesam na decisão de continuar a exercer alguma atividade. Segundo a geriatra da rede de hospitais São Camilo (SP), Mayra Frutig:

“Alguns estudos revelam que manter-se ativo no mercado de trabalho, após a aposentadoria, exerce uma influência positiva na qualidade de vida dos idosos. As motivações determinantes devem-se ao fato de poderem ser reconhecidos pela sociedade, como indivíduos produtivos e ainda atuantes”.

Todavia, trabalhar horas a fio com esta idade requer um planejamento para que não seja necessária uma carga horária tão puxada como era no passado dessa faixa-etária. Por isso, esses profissionais buscam um trabalho que lhe permita uma maior flexibilidade e que também alie qualidade de vida. Esses fatores fazem com que os idosos preservem sua memória e cognição, resultando em um envelhecimento mais saudável. Além disso, estar ativo e se sentir útil permite lidar melhor com os transtornos de depressão e humor, decorrentes de uma idade mais avançada.

*Foto: Divulgação