CEO da Huawei não se intimida diante das ameaças de Trump

O CEO da empresa de tecnologia Huawei, Ren Zhengfei, resolveu não se intimidar diante das sanções impostas pelos americanos, as quais podem prejudicar diretamente sua companhia.  

Em entrevista à Bloomberg Television, o fundador bilionário da gigante chinesa afirmou que obstáculos colocados pelos EUA em relação às exportações que a Huawei realizava podem influenciar a liderança de dois anos que a companhia conquistou, ultrapassando as concorrentes Nokia e Ericsson. Como medida adotada, a chinesa deseja chegar a opções que mantenham sua vantagem no mercado de celulares e tecnologia 5G ou elevar sua própria oferta de chips.

Incluída em uma lista negra pelo governo americano no mês passado por suspeita de auxiliar Pequim em práticas de espionagem, Ren afirmou que a Huawei é capaz de criar suas próprias tecnologias. Inclusive, ela já desenvolve os chips da marca há anos, além de utilizá-los em muitos de seus aparelhos móveis. Além disso, um sistema operacional está sendo desenvolvido com o intuito de rodar em servidores e smartphones.

Porém, o CEO não divulgou qual seria o prazo para substituir os componentes de outras empresas pelos da própria companhia chinesa. Caso não alcance esta meta, novas iniciativas podem ser minadas, como seus servidores em nuvem.

História do CEO e opinião sobre Trump

Atualmente, O CEO luta para salvar a companhia que criou. Ele saiu da reclusão após sua filha mais velha, a diretora financeira da Huawei Meng Wanzhou ser presa em decorrência de uma investigação mais aprofundada contra a companhia de tecnologia.

Sobre o rumor de que Trump desejaria fazer da Huawei uma moeda de troca em um acordo entre EUA e China, Ren disse:

“É uma grande piada” e concluiu: “Qual é nossa relação com o comércio entre China e EUA?”.

O CEO ainda afirmou que se Trump ligasse para ele, não atenderia.

Analistas especulam que Pequim possui alternativas. Uma delas seria a possibilidade de impedir que a Huawei seja barrada e que ainda possa expandir e se tornar uma das companhias de inteligência artificial mais promissora. Além de poder bloquear empresas americanas de integrarem o mercado chinês. Neste caso, a Apple poderia perder cerca de um terço de seu lucro, de acordo com cálculos de especialistas do Goldman Sachs. Porém, Ren já disse que seria contra esta decisão de banir sua concorrente. Ele ainda ressaltou:

“Primeiro, isso não vai acontecer. E, se acontecer, serei o primeiro a protestar. A Apple é minha professora, está na liderança. Como estudante, por que iria contra meu professor? Nunca.”

Em relação às acusações do presidente norte-americano de que a Huawei estaria praticando espionagem, o CEO foi categórico:

“Estamos à frente dos EUA. Se estivéssemos atrás, não haveria necessidade de Trump nos atacar tenazmente”.

*Foto: Reprodução / AFP