Abrir negócio em tempos de crise: conheça algumas dicas

Abrir negócio em tempos de crise requer conhecer riscos e oportunidades para empreender de forma segura, alertam especialistas

Muitas pessoas podem pensar que com a economia em turbulência não é a melhor hora de empreender. Mas isso é um engano. Na opinião de especialistas, abrir negócio em tempos de crise pode ser uma boa oportunidade para o setor de empreendedorismo.

Como abrir negócio em tempos de crise

De acordo com José Mauro Nunes, professor do mestrado em gestão empresarial da FGV-Ebape (Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas).

“Entra o talento de perceber o nicho que não está sendo atendido e as necessidades dos consumidores.”

A seguir, você conhecerá algumas dicas de como abrir negócio em tempos de crise, segundo especialistas da área.

Observe o consumidor

Com a pandemia, o olhar do consumidor mudou. Portanto, é de extrema importância identificar quais são seus novos propósitos hoje. Neste caso, Nunes explica que neste período pandêmico “as pessoas estão questionando o jeito de se viver, o modo de trabalho e a saúde emocional”.

É neste cenário também que entram as autoindulgências, como bebidas alcoólicas mais refinadas e serviços de equilíbrio mental.

Em compensação, a maioria dos brasileiros está vivendo dentro de uma crise que foi acelerada pela pandemia.

“Consumo é confiança, e o brasileiro só vai comprar se tiver certeza de que vai conseguir pagar. Se não, ele vai cortar todos os custos.”

Planejamento financeiro

Antes de se planejar financeiramente é preciso descobrir como seu negócio pode ser um diferencial no mercado. Só após isso, você “vai envolver capital inicial, capital de giro e fluxo de caixa”, revela Wilson Poit, diretor-superintendente do Sebrae-SP.

O especialista afirma que o valor disponível deve cobrir a abertura, suportar os primeiros meses e ter destino certo, revela.

“É de extrema importância separar o que é dinheiro pessoal do dinheiro da empresa.”

Além disso, Nunes comenta que a taxa de mortalidade das empresas no Brasil é alta entre o primeiro e o segundo ano, justamente porque os empreendedores não fazem uma reserva de capital.

Era digital

Durante a pandemia, os empresários viram o quanto é importante estar presente na era digital. Portanto, é um bom momento para iniciar um pequeno negócio e almejar um grande, diz Nunes.

Segundo o professor, os pontos comerciais estão mais baratos. Entretanto, é importante fazer a análise de risco. Ou seja, qual a necessidade da loja física e qual a sua expertise de atender online?

Dependendo do negócio, “é interessante começar no digital”.

Linhas de crédito

Em contrapartida, os especialistas alertam que neste momento está mais difícil acessar linhas de crédito. E que as instituições financeiras reagem conforme o cenário econômico e político do país, destaca Nunes.

“Houve, no início da pandemia, um movimento dos bancos de auxiliarem os negócios, mas hoje existe uma série de restrições devido ao risco sistêmico brasileiro, o que dificulta a busca de dinheiro a custo barato.”

Ele diz ainda que as taxas de juros estão elevadas e a necessidade de comprovar ativos para essas linhas de crédito é grande.

Pronampe

Entre as alternativas mencionadas pelos especialistas está o Pronampe (Programa Nacional de Apoio a Microempresas e Empresas de Pequeno Porte), do governo federal. Para Poit, o crédito pode ser solitado por meio de instituições financeiras autorizadas. Neste caso, “são juros mais baixos e um tempo maior para pagar”.

Já para diz Dariane Fraga, professora da FIA (Fundação Instituto de Administração).

“Estamos entrando em um período similar ao pós-guerra, e o banco vai analisar o tempo de retorno, contribuição do empreendimento e até mesmo se a empresa está organizada.”

Não basta só preencher o cadastro

Contudo, Poit explica que não é apenas “preencher o cadastro e mandar um xerox”. É mais que isso: tem de fazer um histórico do empreendimento, que deve ser planejado com explicações para onde vai o dinheiro. Isto sim “já é um diferencial”.

Por fim, Ricardo Teixeira, coordenador do MBA de gestão financeira da FGV alerta que “a instituição que vai emprestar o dinheiro quer saber se o plano é exequível”.

*Foto: Unsplash